Betty Costa – assessora de Comunicação do HEPR
“Uma história sexagenária certamente resistirá no cuidado à saúde mental da sociedade alagoana enquanto componente da Rede de Atenção Psicossocial no Estado”. A declaração é da diretora-geral do Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR),Maria Derivalda Andrade. Neste dia 4 de janeiro, a unidade comemora 66 anos de história. A unidade hospitalar Hospital Portugal Ramalho é parte integrante da estrutura da Universidade Estadual de Ciências da Saúde-UNCISAL.
O HEPR possui 160 leitos para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas em situações de urgência e emergência psiquiátrica. Entre os leitos, há residentes em situação de abandono familiar. Funciona como emergência psiquiátrica, com equipe multidisciplinar e em regime de 24 horas. Além da estrutura hospitalar, possui 02 (dois) Centros de Atenção Psicossocial (CAPS Casa Verde e CAPS AD) e um Ambulatório de Especialidades em Saúde Mental (PISAM).
Tais equipamentos de saúde mental da UNCISAL encontram-se inseridos na área de monitoramento - criticidade 00 e 01 – situando-se em um dos bairros afetados devido à exploração de sal-gema pela empresa petroquímica Braskem, de acordo com o Mapa de Linhas de Ações Prioritárias – versão 4 (divulgado em 11 de dezembro/2020) produzido pelas Defesas Civis do Município de Maceió e Nacional, com apoio do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM). Conforme informações no site do Ministério Público Federal (site: mpf.mp.br, 2021. Acesso em 07 de janeiro de 2021). Tais imóveis ingressaram nas tratativas para o fluxo compensatório do PCF em 22 de outubro de 2021. Para tanto, A UNCISAL encontra-se em discussão, desde janeiro/2021, com os órgãos responsáveis pela Política de Saúde Mental da União, Estado e Município, no que ficou acordado a Construção de novas e modernas infraestruturas a serem entregues à sociedade alagoana.
É dentro deste dinamismo de mais de seis décadas, que a servidora com mais tempo de serviço na unidade, Maria Severina da Silva Lima, com 49 anos de instituição, uma das mais veteranas funcionárias do HEPR, carrega memória e registros mentais tão fortes. “Me recordo de uma época, onde atualmente está o setor da farmácia interna, que havia um pequeno ambulatório de queimados. Haja vista o uso descontrolado de cigarros por parte dos pacientes, (prática usual entre psicóticos) viu-se a necessidade de ter-se dentro do hospital, uma enfermaria para tratar especificamente desses casos”, relembrou Severina que prossegue pontuando outras lembranças como a conquista da construção de dormitórios para plantonistas. Contudo, segundo ela, a recordação mais emocionante, e por que não dizer a mais histórica, foi a retirada das grades e portões de ferro que serviam para disciplinar o ambiente dos internos e, assim, resguardar os profissionais de possíveis ataques dos pacientes. “E mais tarde, o deslocamento das celas ou quartos fortes como passaram a ser chamadas”, relatou a funcionária.
De acordo, ainda, com Severina, a adaptação das contenções no HEPR, quando surgiram em substituição ao isolamento total, também foi um marco importante para a assistência ao doente mental.
Festividades - Contando com uma assistência humanizada, pacientes do Portugal Ramalho estão sempre situados no tempo e no espaço. As datas comemorativas são comemoradas com total atenção pela equipe multidisciplinar. O Bloco Maluco Beleza, por exemplo, já integra o calendário momesco de Maceió. Com mais de 30 anos de tradição, o bloco arranca aplausos, provoca sentimento de emoção e respeito pelas ruas circunvizinhas por onde desfila todos os anos. No mês de Junho, a apresentação da quadrilha junina com passos “quase inerrantes” e a apresentação do casamento matuto com tiradas imprevisíveis reservam momentos de muita descontração dos público interno e externo. Sim, externo, porque os festejos são sempre abertos à comunidade e aos familiares. A festa da Primavera no mês de setembro, é o ápice da auto-estima dos usuários quando conseguem demonstrar toda uma desenvoltura na passarela. E não se pode esquecer da celebração da Páscoa, quando pacientes e servidores “juntos e misturados” encenaram por décadas, a Paixão de Cristo nos jardins da instituição.